sábado, 2 de janeiro de 2016

Depois de algum tempo desaparecida, retomo as atividades do Blog com a seguinte letra que me tem inspirado ao longo da minha estadia de Erasmus em Madrid:

LOS CAMPESINOS 
El Ejército del Ebro, 
rumba la rumba la rumba la. 
El Ejército del Ebro, 
rumba la rumba la rumba la 
una noche el río pasó, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
una noche el río pasó, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
Y a las tropas invasoras, 
rumba la rumba la rumba la. 
Y a las tropas invasoras, 
rumba la rumba la rumba la 
buena paliza les dio, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
buena paliza les dio, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
El furor de los traidores, 
rumba la rumba la rumba la. 
El furor de los traidores, 
rumba la rumba la rumba la 
lo descarga su aviación, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
lo descarga su aviación, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
Pero nada pueden bombas, 
rumba la rumba la rumba la. 
Pero nada pueden bombas, 
rumba la rumba la rumba la 
donde sobra corazón, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
donde sobra corazón, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
Contraataques muy rabiosos, 
rumba la rumba la rumba la. 
Contraataques muy rabiosos, 
rumba la rumba la rumba la 
deberemos resistir, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
deberemos resistir, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
Pero igual que combatimos, 
rumba la rumba la rumba la. 
Pero igual que combatimos, 
rumba la rumba la rumba la 
prometemos combatir, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela! 
prometemos combatir, 
¡Ay Carmela! ¡Ay Carmela!

Esta era uma das músicas de resistência republicanas às forças fascistas de Franco durante a Guerra Civil Espanhola. Fiquei a conhecer a música quando vi o filme "¡Ay Carmela!" do Carlos Saura, o qual aconselho vivamente o seu visionamento.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Estrelas Propícias de Camilo Castelo Branco


Este livro relata a história de um homem rico e poderoso, chamado Gastão de Noronha.

Gastão de Noronha tinha cinco filhas muito formosas (Ema, Corina, Amélia, Elisa e Felismina), a sua mulher chamava-se Mafalda, e, após tantos anos emigrados em França, eles regressam a Portugal e vão para a sua casa no Minho, onde se desenrola a ação.

Corina de Soledade era a filha mais velha e formosa de Gastão e, um dia, num baile, esta conhece António de Azevedo (um jovem advogado sem emprego) e o seu amigo Felisberto Taveira, um homem muito rico e proveniente de uma família abastada.

Corina apaixona-se perdidamente por António, e este por ela mas, infelizmente, António estava de partida para o Brasil, queria procurar emprego para sustentar as suas quatro irmãs.

Gastão tentava convencer Corina a casar-se com Felisberto, mas ela não gostava dele e correspondia-se secretamente (através de carta) com António, pois esta já se encontrava no Brasil. Esta situação fazia com que Corina fosse alvo de represálias por parte do pai, que não queria que ela se casasse com o pobre do António.

Gastão foi visitar D. João de Matos, um primo seu rico de setenta anos, e este confidencia-lhe que gostava de casar para poder ter herdeiros, e não deixar a sua fortuna aos seus sobrinhos interesseiros. Gastão pede ao seu primo para escolher uma de suas filhas e ele escolhe a bela Corina, mas esta não aceita o pedido de casamento de João.

Entretanto, João reflete melhor na sua escolha e desiste de se casar com Corina, pedindo a mão de Ema (uma das irmãs de Corina) em casamento. Esta gostava e divertia-se muito a cortar as unhas dos pés de João, aceitando, de imediato, o seu pedido de casamento.

Infelizmente para Gastão, o seu primo rico morre antes de se casar com a sua filha Ema! A situação piora quando o primo de Mafalda, Fernando de Ataíde, resolve retirar-lhe os bens, abrindo um processo contra ela.

António, para salvar a família da sua amada Corina, consegue retirar o processo contra Mafalda, ganhando a consideração de Gastão de Noronha, que deixa-o casar-se com sua filha Corina. Contudo, António recusa casar-se com Corina, pois não tem condições para sustentá-la e envia-lhe uma carta, comunicando-lhe a sua triste decisão.

Corina fica muito abalada com a notícia, recusando-se a comer e a levantar-se da cama, acabando por ficar doente.

Gastão resolve viajar com toda a sua família para o Brasil, para procurar António e encontra-o. Apesar do pouco dinheiro que tem, António resolve casar-se com Corina, pois amava-a muito.

Valentim da Costa, um grande amigo da família de Gastão, resolve pregar uma partida a António e Corina, testando-os para saber se estes eram dignos da sua herança. Ele conclui que sim deixando-os milionários, após a sua morte.

No final, Corina e António regressam a Portugal e têm um filho. Quanto às irmãs de Corina, estas casaram-se com homens ricos e poderosos, exceto Elisa, a irmã mais nova, que com trinta e um anos, continua solteira.

Eu gosto muito das obras e da escrita de Camilo Castelo Branco e, neste livro, ele conseguiu retratar na perfeição as diferenças sociais entre Gastão e António, que apesar de a ação se desenvolver no século XIX, hoje em dia estas diferenças sócias permanecem bem visíveis no nosso dia a dia. Para além disso, fiquei muito deleitada com a forma como foi escrita a história e com o humor utilizado por Camilo, por isso aconselho a leitura deste livro.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Leitura do livro As Lágrimas de Karseb de Julio Murillo Llerda

Este livro relata a vida de Bernard Villiers, um médico francês que vive em Toledo e resolve ir para Constantinopla montar um consultório médico e procurar as lendárias lágrimas de Karseb.

Quando chega a Constantinopla, encontra o seu velho amigo filósofo Nikos Pagadakis, que conhece o mistério das lágrimas de Karseb e contrata o jovem Stelios para ser seu ajudante e discípulo.Entretanto Stelios conhece uma jovem pobre chamada Irene e pouco tempo depois casam.

 

Bernard encontra as lágrimas de Karseb, que estavam há muito tempo guardadas por um sacerdote numa igreja. Descobrem que essa joia é muito poderosa e parece adivinhar o terrível fim de Constantinopla, que acontecerá pouco tempo depois.



Essa joia é ambicionada por assassinos que a procuram incansavelmente, e quando descobrem que Bernard é que a tem, resolvem vasculhar a casa deste, vandalizando-a, mas acabam por não a encontrar.

Bernard fica gravemente ferido por ter dado luta aos assassinos e é socorrido por Nikos que o encontra desmaiado. Este fica em coma durante dias e nesse período de tempo, Nikos conta a Stelios que Bernard sofreu muito no passado, pois ficou sem a mulher e o filho, sendo essa a razão pela qual ele goste tanto de Irene, porque esta lembra-lhe a sua mulher.

Dias mais tarde Bernard recupera, e Stelios resolve esconder as lágrimas na igreja. No caminho, este é agredido pelos homens que andavam à procura destas e este é esfaqueado, e fica à beira da morte.

Irene encontra-o, juntamente com Bernard e vão à procura do sacerdote, que tem um frasco de sangue e com esse mesmo sangue consegue sarar a ferida de Stelios.

Dias depois, Constantinopla (que pertencia ao Império Romano do Oriente) é tomada de assalto pelos turcos que chacinam gregos e cristãos, incluindo o imperador Constantino Paleólogo Dragases. Nikos, Irene, Stelios e Bernard conseguem fugir num barco e desfazem-se da jóia mística que só provocara desgraça e previu a queda do Império Romano do Oriente pelos turcos, em 1453, ditando o final da Idade Média e o início da Época Moderna.

Leitura do livro: Aos Olhos de Deus de José Manuel Saraiva


Neste fantástico romance histórico, o autor descreve com pormenor o envio de uma embaixada do rei português D. Manuel “O Venturoso” ao Papa Leão X, presenteando-o com inúmeras riquezas trazidas de outros continentes, símbolo de poder e ostentação, na época áurea dos descobrimentos portugueses.

Dentro deste cenário encontramos Diogo Pacheco, fiel amigo de D. Manuel e um homem muito atraente que se apaixona por uma judia chamada Raquel Aboab, que inclusive a salva de ser queimada viva, (o mesmo não se pode dizer dos pais dela que foram mortos pela inquisição) e juntos vivem uma bonita história de amor.

D. Manuel confiava muito no seu amigo e súbdito Diogo Pacheco, e convida-o a acompanhar a embaixada até Roma destinada ao Papa. Este aceita, mas resolve deixar embarcar primeiro Raquel, que ia juntamente com as freiras e abadessa da ordem das Seculares Reparadoras, pois em Roma ela correria menos hipóteses de ser apanhada e morta do que permanecendo em Lisboa.

Quando chega a Roma, Raquel sofre uma tentativa de violação por parte do clérigo D. Francesco Petrini, que já tinha violado uma outra rapariga e matado os pais, mas que pagou pela absolvição dos seus pecados (as chamadas indulgências). Roma, por estranho que parecesse era um antro de pecados e vícios: padres que violavam, freiras que mantinham paixões tórridas secretas, um Papa, que tinha ao seu serviço várias raparigas e, que de acordo com o que se dizia, tinha uma ferida no seu traseiro devido aos seus envolvimentos com rapazes mais novos.

Em Lisboa dizia-se que Diogo Pacheco e o rei envolviam-se em orgias com damas da corte na Casa da Mina (o que era realmente verdade, sendo que Diogo chega posteriormente a contar este segredo a Raquel) e era do conhecimento de todos que D. Manuel não era nenhum santo e nem sequer culto.

Diogo Pacheco fica encarregue de escrever e declamar o discurso ao Papa Leão X, e parte de Lisboa juntamente com Garcia de Resende (responsável por escrever as crónicas relativas à entrega da embaixada a Sua Santidade), o embaixador Tristão da Cunha e os filhos deste: Nuno, Simão e Pêro Vaz, o magistrado João de Faria (que mantinha uma relação física com a abadessa da Ordem das Seculares Reparadoras, que satisfazia todas as fantasias sexuais dele), o guarda do elefante – Nicolau de Faria, e os capitães e capitães-mor das cinco naus. Fiquei a saber também que toda a tripulação tinha ao seu dispor rapazes que tinham a função de satisfazer as necessidades sexuais destes (eram os chamados grumetes).

Durante a viagem Diogo tornou-se grande amigo de João de Faria, confidenciando-lhe que amava verdadeiramente Raquel, mais do que as suas duas falecidas mulheres, e que cada vez mais estava convicto de que as mulheres e os homens são iguais, causando um grande espanto a João que o ridicularizava, pois não era capaz de sentir esse sentimento puro pela abadessa.

Após algumas semanas de viagem, os tripulantes são confrontados por uma terrível tempestade que acaba por matar os filhos de Tristão da Cunha, mas, felizmente, não causou mais danos.

Quando chegaram a Roma, Diogo foi diretamente ter com Raquel e João de Faria foi encontrar-se com a abadessa.

O Papa Leão X ficou fascinado e deslumbrado com as riquezas que estes trouxeram e com o belo discurso de Diogo, ficando (juntamente com outros italianos influentes) com uma ideia de que Portugal era um país onde abundava o poder e a magnificência, o que não era bem assim. D. Manuel conseguiu, assim, passar uma imagem de um Portugal opulento e rico ao Papa, através da magnífica embaixada que lhe enviou.

Diogo decidiu permanecer em Roma, pois era um local que não apresentava muito perigo para viver com a sua amada Raquel. Entretanto, esta descobre que está grávida, causando uma grande alegria no coração mole de Diogo, mas por recomendação do médico tem que ficar em repouso absoluto.

Contudo, Raquel aborta e fica gravemente doente. Diogo pede a Deus que esta recupere e o leve em seu lugar, mas isso não acontece… Raquel acaba por morrer, sendo que antes promete a Diogo ficar à espera deste no céu (as suas últimas palavras foram: “Ficai sereno pelo tempo que Deus quiser. Um dia haveremos de nos encontrar no Céu, e então, lá onde for ficarei à vossa espera”). Diogo acabara por perder a única mulher que amou verdadeiramente…

A história deste livro é muito cativante, dá-nos a conhecer a realidade social, política e económica de Portugal no século XVI e o grande amor que unia um cristão e uma judia, que conseguiu “vencer a fé dos Homens”. José Manuel Saraiva é muito minucioso nas descrições dos lugares apresentados; recorrendo à ironia para descrever a vida pecaminosa dos clérigos e do rei D. Manuel, que só o foi, devido à pressão feita pela rainha D. Leonor ao seu marido D. João II, para que este o deixasse governar Portugal, impedindo o seu filho bastardo D. Jorge de subir ao poder. Aconselho vivamente a leitura deste livro.

domingo, 9 de dezembro de 2012

A Modernidade de Eça de Queiroz


Eça de Queiroz, um dos meus escritores favoritos e um dos críticos mais sagazes de sempre, e simultaneamente um dos seus maiores pensadores, na medida em que retratou como ninguém a sociedade e a psicologia dos portugueses, num estilo irónico e humorístico único, presente nos seus romances, participações jornalísticas e correspondência.

Apresento agora o excerto de um artigo de Eça escrito em As Farpas, que tem como título “Habilitações necessárias para ser ministro…” e que se não soubermos em que época foi escrito, podemos muito bem associá-lo aos dias de hoje, pois a sociedade continua igual à sociedade do século XIX: “Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado: doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder… O poder não sai de uns certos grupos como uma péla que quatro crianças, aos quatros cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos. Quatro ou cinco daqueles homens estão no poder, esses homens são segundo a opinião e os dizeres de todos os outros que lá não estão – os corruptos, os esbanjadores da fazenda, a ruína do País. Os outros, os que não estão no poder, são, segundo sua própria opinião e os seus jornais – os verdadeiros liberais, os salvadores da causa pública, os amigos do povo, e os interesses do País. Mas, coisa notável! – os cinco que estão no poder fazem tudo o que podem para continuar a ser os esbanjadores da fazenda e ruína do País, durante o maior tempo possível! E os que não estão no poder movem-se, conspiram, cansam-se, para deixar de ser o mais depressa que puderem – os verdadeiros liberais, e os interesses do País.”

Eça de Queiroz, de facto, soube rapidamente tornar-se um homem universal e mais semelhante a um homem do século XXI que do século XIX, devido à sua extraordinária capacidade de visão e de crítica não só do universo nacional como também de todo o universo.

Uma Casa na Escuridão de José Luís Peixoto

O livro mais confuso e estranho que li foi o de José Luís Peixoto e o título é Uma Casa na Escuridão.

Este livro conta na 1ª pessoa a vida de um escritor (cujo nome não é revelado), que vive com a mãe, a escrava Miriam e o seu pai (que morre após matar a sua escrava à machadada, pois segundo a história, a escrava servi-lo-ia até à sua morte e depois disso já não seria precisa.

Acontece que o protagonista (o escritor estranho e apaixonado) apaixona-se platonicamente por uma mulher que ele próprio idealizou e, no dia do funeral do seu pai, vê a sua fotografia numa sepultura e descobre que esta realmente existiu e que também tinha morrido.

O escritor com a ajuda do seu amigo, o príncipe de Calicatri (que se apaixonou pela escrava Miriam) vão ao cemitério desenterrar a sua amada, para que este a pudesse ver realmente convicto de que esta ressuscitaria (o que não aconteceu). Entretanto aparecem soldados que falavam uma outra língua e que invadem a casa do narrador, amputam-lhe as pernas e os braços deixando-o inutilizado, perfuram os tímpanos da sua mãe, violam a escrava Miriam e retiram o coração do príncipe de Calicatri (mas este continua vivo até ao final da história) e retiram as mãos de um violinista que entretanto se tinha hospedado em sua casa.

Depois deste triste episódio descrito ao pormenor pelo narrador, eles ficam prisioneiros dos soldados, sendo que estes todos os dias abusam sexualmente da escrava Miriam.

Se pensa que as desgraças acabam por aqui, engana-se, pois a mãe do escritor acaba por se suicidar, sendo que este e todos os outros personagens acabam por ser contagiados por uma peste que fazia apodrecer a pele, fazendo com esta caísse enquanto tomavam banho, matando-os lentamente. O narrador enquanto prisioneiro assiste a cenas horripilantes provocadas pelos soldados, desde a chacina de crianças infetadas pela peste, às violações sistemáticas, entre outras…

Descobre-se que o visconde, que entretanto o escritor conheceu, é, afinal, uma viscondessa, entre outros factos que me deixaram perplexa e, ao mesmo tempo confusa. Depois no final do livro o escritor morre por causa da peste.

Não sei o que José Luís Peixoto quis transmitir com esta história, e sendo o primeiro livro que leio deste escritor, fiquei desiludida com o mesmo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Recordar… Aristides de Sousa Mendes


Aristides de Sousa Mendes nasceu no Carregal do Sal, Cabanas de Viriato, no dia 19 de julho de 1885 foi um diplomata português. Cônsul de Portugal em Bordéus no ano da invasão da França pela Alemanha Nazi na Segunda Guerra Mundial, Sousa Mendes desafiou ordens expressas do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, António de Oliveira Salazar, (cargo ocupado em acumulação com a chefia do Governo) e concedeu 30 mil vistos de entrada em Portugal a refugiados de todas as nacionalidades que desejavam fugir da França em 1940.

Este homem foi, de facto, um grande português que arriscou perder o seu cargo e talvez a sua vida em prol de milhares de judeus que, durante a 2ª Guerra Mundial, refugiaram-se em Portugal, vítimas das perseguições nazis.

Salvou mais pessoas que Schindler (aproximadamente 60 mil almas) e de entre elas, destacam-se: Otto de Habsburgo, filho de Carlos, o último imperador da Áustria-Hungria; o príncipe Otto era detestado por Adolf Hitler. Ele escapou com a sua família desde o exílio belga e dirigiu-se aos Estados Unidos onde participou numa campanha para alertar a opinião pública; Charles Oulmont, escritor francês e professor na Universidade de Sorbonne e Ilse Losa, escritora, que residiu no Porto e escreveu obras como por exemplo O Mundo em que vivi.

A 8 de Julho de 1940, Aristides é punido pelo governo de Salazar, que priva o diplomata de suas funções por um ano, diminuindo em metade o seu salário, antes de o enviar para a reforma. Para além disso, Sousa Mendes perde o direito de exercer a profissão de advogado. A sua licença de condução, emitida no estrangeiro, também lhe é retirada.

O cônsul demitido e sua família, bastante numerosa, sobrevivem graças à solidariedade da comunidade judaica de Lisboa, que facilitou a alguns dos seus filhos os estudos nos Estados Unidos. Dois dos seus filhos participaram no Desembarque da Normandia.

Em 1945, Salazar felicitou-o por Portugal ter ajudado os refugiados, recusando-se no entanto a reintegrar Sousa Mendes no corpo diplomático.

Faleceu na miséria a 3 de Abril de 1954, no hospital dos franciscanos em Lisboa. Não possuindo um fato próprio, foi enterrado com um hábito franciscano.
Um homem corajoso, e que à custa do seu bom caráter, teve um triste destino. Aristides de Sousa Mendes merece muito respeito, admiração. Esta minha singela homenagem é dedicada a ele e a todos os outros que arriscaram a sua vida em prol dos outros.